Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Após auxílio eleitoreiro, internautas denunciam: ‘Jair Odeia Pobre’

Em 14 capitais, auxílio de R$ 600 reais não compra nem uma cesta básica
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Desesperado com a possibilidade de perder as eleições no primeiro turno, Bolsonaro lança pacote de bondades com prazo para acabar

São Paulo – A menos de três meses das eleições, o Congresso Nacional deve promulgar em instantes a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/2022. A chamada PEC do Desespero aumenta para R$ 600 o Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família. Também amplia o vale-gás, além de um benefício de R$ 1.000 aos caminhoneiros, que sofrem com a alta do diesel, e outro auxílio pra taxistas, ainda sem valor definido. As medidas do governo Bolsonaro, no entanto, só valem até dezembro. O que revela o seu caráter eleitoreiro. Os internautas, no entanto, não se deixam enganar. Com mais de 20 mil menções, o tema “Jair odeia pobre” ficou entre os mais comentados do Twitter nesta quinta-feira (14).

Eles lembram, por exemplo, que Bolsonaro foi o único deputado a votar contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza em 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Mais recentemente, em meio a pandemia, o governo defendia apenas R$ 200 para o auxílio emergencial. O benefício de R$ 600 só virou realidade graças ao esforço da oposição.

O governo também desprezou a gravidade da pandemia e da situação de desemprego e paralisia econômica. Tanto que não previu nenhum auxílio nos Orçamentos do ano passado e deste. Por isso, para tentar evitar uma derrota já no primeiro turno, correu com a PEC do Desespero, para poder furar o teto de gastos.

Também são inúmeras as declarações de Bolsonaro contra o Bolsa Família. Em 2010, chegou a chamar o programa de “bolsa farelo”. Em 2021, disse que os beneficiários do programa “não sabem fazer quase nada”.

Usuários das redes sociais também destacam que Bolsonaro não reajustou a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), defasada em 24% durante o seu governo. Assim, quem ganha até R$ 1.941 pagará imposto no ano que vem, em mais um prejuízo para os mais pobres.

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Preços nas alturas

A inflação dos alimentos também afeta principalmente os mais necessitados. Em São Paulo, assim como em outras 13 capitais, o auxílio de R$ 600 reais não compra nem sequer uma cesta básica, que está custando R$ 777,01, alta de 23,94%, de acordo com o Dieese. Com a redução de impostos sobre combustíveis, que feriu a arrecadação de estados e municípios, o governo esperava que litro da gasolina cairia para R$ 5,84. Mas, até o momento, o combustível é vendido, em média, por R$ 6,49, ou seja, 11% acima do estimado. O impacto no preço do diesel, que subiu 165,6% desde 2019, foi ainda menor.

Muito pouco, muito tarde

Não apenas os internautas reclamam que são insuficientes as medidas de Bolsonaro para estancar o sofrimento que se abate sobre os mais pobres. Em nota, a ONG Oxfam Brasil vai no mesmo sentido. A organização aponta que os benefícios que valem apenas até dezembro, somado a mais um ano sem e a previsão do reajuste do salário mínimo abaixo da inflação, apontam “a falta de vontade política do governo e do Congresso de implementarem políticas que realmente façam a diferença na vida da população brasileira”.

Especificamente sobre a PEC do Desespero, a Oxfam Brasil destaca que a ajuda a milhões de brasileiros que vivem em situação de vulnerabilidade “chega com validade curta, o denota um evidente interesse eleitoreiro na sua adoção”. Sem reajuste no salário mínimo, “os brasileiros terão que apertar ainda mais o cinto para (sobre)viverem”. Por fim, a organização ainda como “absolutamente escandaloso” o congelamento da tabela do IR, “principalmente levando-se em conta que os mais ricos do país são isentos de taxação sobre juros e dividendos seus investimentos”.

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