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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Piora: 1/3 da população da América Latina estará na pobreza até o fim do ano, aponta Cepal

No Brasil, cerca de 67 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza, segundo o IBGE - Mauro Pimentel / AFP
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Comissão da ONU aponta que mais 7,8 milhões de latino-americanos entrarão para pobreza este ano

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A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) apresentou nesta semana um novo relatório com previsões econômicas para a região. A expectativa é de que até o final de 2022, mais 8 milhões de pessoas passarão a viver em situação de insegurança alimentar somando 94,4 milhões de latino-americanos que não terão condições de realizar três refeições diárias.

A pobreza também deve aumentar. Um terço, ou 33,7% da população regional estará em situação de pobreza até o final do ano, enquanto 14,9% em situação de pobreza extrema – o que significa que terão menos U$ 1,90 por dia (cerca de R$ 9) para subsistir.

Os países mais afetados serão Guatemala, que pode chegar à cifra de 49,5% de pobres, seguida da Nicarágua com 46% da população em situação de pobreza e a Colômbia com 38%. O Brasil estaria em 11º no ranking com cerca de 21,4% da população pobre.

Hoje cerca de 17,5 milhões de famílias brasileiras vivem com renda per capita mensal de até R$ 105, de acordo com o Cadastro Único.

Para determinar a linha de extrema-pobreza, a ONU e o Banco Mundial têm como referência: US$ 1,90 por dia para países de renda baixa, US$ 3,20 por dia para países de renda média-baixa e US$ 5,50 para países de renda média-alta. Já a definição da linha da pobreza varia em cada país.

Guerra, inflação e pandemia

O aumento de 1,6% dos pobres na região colide com os dados de crescimento econômico. A previsões da Cepal é de que as economias da América Latina cresçam 1,8% e as exportações, 23%.

Segundo a Comissão vinculada à ONU, a situação da pandemia, a guerra na Ucrânia e as altas taxas inflacionárias em todo o mundo seriam os principais fatores que empurram a população latino-americana para a pobreza.

Em abril, a média da inflação para América Latina foi de 8,1%. No Brasil, a situação é ainda mais crítica, em maio o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 11,73% no acumulado do ano. Um estudo realizado em abril pela Tendências Consultoria prevê que o total de domicílios brasileiros considerados pobres (classes D e E) devem representar 50,7% da população brasileira até o final de 2022.

A Cepal recomenda aos governos regionais implementar políticas monetárias e cambiais que controlem a inflação. “A segurança alimentar deve ser uma prioridade. Para isso não se deve restringir o comércio internacional de alimentos e fertilizantes, pois isso iria acelerar a inflação e prejudicaria os mais pobres”,  apontam no comunicado.

No início de 2022, a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) das Nações Unidas já havia notificado um aumento de 28,1% nos preços internacionais dos alimentos – o maior incremento da última década.

“América Latina e Caribe enfrentam novos cenários geopolíticos. Diante da regionalização da economia mundial, a região não pode continuar atuando de maneira fragmentada”, defende o secretário executivo interino da Cepal, Mario Cimoli.

Na contramão das orientações da Cepal para o controle da inflação, o Banco Central brasileiro foi o que mais subiu a taxa de juros, chegando a 12,75%, na frente do chileno, que aumentou 8,25% os juros e o colombiano com 6% de aumento.

www.brasildefato.com.br/Michele de Mello

 

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