Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Siqueira: preço do gás de cozinha é imoral

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“A estrutura de preço é imoral, não só porque a Petrobrás e a distribuidora ganham um absurdo, mas porque penaliza a população mais pobre do país que usa o gás para fazer seus alimentos”, argumentou o engenheiro

O ciclo de debates sobre a Petrobrás- Do desmonte às alternativas, organizado pelo Canal Outras Palavras, do jornalista Antonio Martins, reuniu o engenheiro Fernando Siqueira, diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) e o economista Eduardo Costa Pinto do IE/UFRJ e do INEEP/FUP para debater “Uma nova política de preços para os combustívies”.

Fernando Siqueira destacou que “a Petrobrás foi criada depois do maior movimento cívico do nosso país” e fez um histórico das tentativas e das ações que visam destruir a maior estatal do povo brasileiro, discorrendo, também, sobre a resistência da sociedade em defesa da companhia.

Sobre os preços dos combustíveis afirmou: “esses preços absurdos que estão sendo cobrados, por exemplo, do diesel, que geram uma inflação brutal, portanto prejudica profundamente a população brasileira, é no sentido de jogar a Petrobrás contra a opinião pública para privatizar. Esse PPI é outra estratégia de desmoralização da empresa, jogá-la contra a opinião pública e justificar sua privatização”.

“BOTIJÃO DE GÁS PODERIA ESTAR NA FAIXA DE R$ 60 E AINDA DARIA MUITO LUCRO”

Ao analisar a estrutura dos preço, no caso do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo, o conhecido gás de cozinha), Fernando Siqueira afirmou que “a estrutura de preço é imoral, não só porque a Petrobrás e a distribuidora ganham um absurdo, mas porque penaliza a população mais pobre do país que usa o gás para fazer seus alimentos”. “É fácil reduzir a um preço racionalmente bom, que não penalize nenhum dos participantes e dê um lucro razoável, para que a Petrobrás possa investir no pré-sal”, afirma o engenheiro. “Se fosse feito de forma correta, o botijão de gás poderia estar na faixa de R$ 60 e ainda daria muito lucro”.

Sobre a estrutura do diesel, hoje, a Petrobrás fica com cerca de 60% do preço do diesel. “O custo de extração do petróleo está em cinco dólares o barril – custo de extração e extrair todos os demais custos”, explica. “O custo de produção está entre 25 e 30 dólares por barril. Com isso , o custo de produção do diesel para Petrobrás fica na faixa de R$ 1,3 por litro e ela está vendendo por R$ 4,07, ou seja, um lucro de 250%! É um lucro imoral, principalmente sabendo o quanto é estratégico o diesel para a população brasileira”.

“O diesel permite o transporte de alimentos, de pessoas, de materiais, enfim, é ele que gera o aumento da inflação do jeito que está aí, atingindo dois dígitos, aumentando o transporte, os alimentos, materias, aumenta tudo. Isso tudo gera esse lucro fantástico de R$ 44 bilhões . Ano passado foram 106 bilhões em detrimento do povo brasileiro, e mais grave, transferindo isso para 63,25%, que é o percentual de acionistas: 42% na bolsa de Nova Iorque e outros estrangeiros, acionistas privados. Estão sendo transferidos recursos do povo brasileiro para encher os seus bolsos, os seus bancos”, sustentou.

Siqueira desmente Bolsonaro, que ele considera o “maior mentiroso da história”, sobre a afirmação de que nos países onde a produção é privada os preços são menores. “Todos os países monopolistas têm preços muito menores, infinitamente menores, uma diferença imensa”, afirmou o dirigente da Aepet.

EDUARDO COSTA PINTO: POLÍTICA DE PREÇOS PERMITE QUE A PETROBRÁS MAXIMIZE O SEU LUCRO, QUE VAI PARA AS MÃOS DOS ACIONISTAS À CUSTA DA REDUÇÃO DE INVESTIMENTOS E DO CONSUMIDOR

De acordo com o economista Eduardo Costa Pinto, “a política de preços permite que a Petrobrás maximize o seu lucro”.

“E lucro vai para onde? Para investir? Não, para mãos dos acionistas”, ressaltou. “Este trimestre, então, é o maior absurdo da história da Petrobrás. A Petrobrás distribuiu de lucros, de dividendos, R$ 48 bilhões! Eu costumo chamar isso de butim. Você está acelerando, porque você não sabe o cenário para frente, está acelerando para os acionistas esta distribuição de lucro e dividendos à custa da redução de investimento. À custa da redução de investimento, por um lado, enquanto empresa de longo prazo, e mais, à custa do consumidor”, afirma Costa Pinto.

“A margem de lucro da Petrobrás é de 30% de todo negócio. Isso é 30 vezes maior do que a média das petroleiras internacionais. É mais do que o dobro da segunda maior colocada”.

O economista destacou a disparada nos preços dos combustíveis. “O preço de venda do diesel nas refinarias, sem os impostos, aumentou no primeiro trimestre em relação ao primeiro trimestre do ano passado em 58%; da gasolina 49%; do óleo combustível 58%; da nafta 62%; do gás de cozinha 40%; do querosene de aviação 67% e de todos os derivados 53%”.

“Os custos de produção no pré-sal estão caindo. O custo total de produção de petróleo está em torno de 30 dólares. A receita da Petrobrás vem do mercado interno. Para realizar a renda do petróleo ela vende para ela mesma, é o preço de transferência interna. Ela está cobrando o máximo que poderia cobrar numa lógica de monopólio. A Petrobrás opera como empresa privada e como se fosse uma empresa privada monopólica, e a ANP e os órgãos regulatórios dizem que isso é preço de mercado”.

“Na verdade, o preço que está subindo não é só da gasolina e do diesel, do gás de cozinha. As pessoas cozinham em casa e não estão tendo dinheiro para comprar um botijão de gás de cozinha, que em média no Brasil está em R$ 123,00, mas não só, tem o nafta, que é um insumo da indústria petroquímica, e os vários outros tipos de derivados que vão afetar nos transportes, nos custos de produção, isso gera um efeito em cadeia inflacionário impressionante. Um dos elementos explicativos do tamanho da inflação que a gente está vivendo tem a ver com os efeitos diretos e indiretos do aumentos dos preços dos derivados, e o outro componente são os alimentos, que em parte têm a ver com os preços internacionais, mas também são afetados pelos custos dos transportes”, sentenciou.

O economista defendeu o subsídio ao GLP. “No caso brasileiro, com a total desigualdade, sou a favor de subsidiar o GLP para a população mais pobre, e o GLP – gás de cozinha é um derivado de petróleo”.

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