Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Gasolina é mais cara para os mais pobres

Brasília - Postos de combustíveis ajustam os preços e repassam para o consumidor o aumento da alíquota do PIS e Cofins pelo litro da gasolina(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Com a disparada dos preços dos combustíveis, nos municípios mais pobres, moradores substituem carro, moto e transporte público por bicicleta ou até mesmo por cavalo, para garantir a cesta básica que também não para de subir de preço

O mega aumento nos preços dos combustíveis obrigou os brasileiros a buscarem outras alternativas de transporte. Com os orçamentos já apertados pela carestia, juros altos e renda em queda, o preço dos combustíveis afeta não só quem tem veículo próprio, mas penaliza os mais pobres com mais intensidade, particularmente nos municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IHD).

Reportagem do Correio Braziliense levantou a quanto a gasolina tem sido comercializada no interior do país e mudado a rotina da população. Em Águas Lindas, município de Goiânia com 217 mil habitantes, a 47 quilômetros da capital federal, o litro da gasolina é comercializado a R$ 7,39 enquanto a renda per capita da população é de R$ 584 mensais. O que tem se visto por lá é a população abandonando os carros, motos e transporte público. Bicicleta e até mesmo cavalo passaram a ser a alternativa de transporte.

Segundo o economista e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Felipe Queiroz, a alta do combustível provoca um efeito cascata que afeta todos os setores dependentes direta ou indiretamente dos derivados de petróleo. “O combustível é um bem intermediário. Ou seja, aumenta o custo dos fretes, porque a maior parte do transporte brasileiro é feito sobre rodovias. Além dos fretes, aumenta o custo de produção de outros bens que são derivados de petróleo ou dependem dele. Por exemplo o custo dos alimentos, aumenta o preço dos fertilizantes. Além disso, aumenta diretamente o preço da passagem do transporte, então é todo um aumento em cadeia”, diz o especialista.

Anunciado pela direção da Petrobrás com o aval do governo no último dia 10 de março, o aumento dos combustíveis piorou ainda mais o cenário de carestia. O preço da gasolina foi reajustado em 18,8%, o óleo diesel em 24,9% e o gás de cozinha, 16,1%. Os reajustes, justificado pelo aumento dos preços internacionais do petróleo, não vem de hoje. O preço da gasolina disparou 47,49% em 2021, conforme dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA.

O preço do litro da gasolina após o novo aumento tem rondado os R$ 8, mas chega ainda mais cara em municípios pobres e isolados. Na reportagem, o jornal aponta que em Coronel Murta, cidade do interior de Minas Gerais, o litro do combustível na bomba alcança R$ 8,59. Em Belo Horizonte, a média de preço é de R$ 7,49.

Ainda sem computar os novos preços dos combustíveis, a inflação oficial do país já bate os 10,54% em 12 meses até fevereiro. Além da bicicleta e do cavalo para locomoção, a população foi obrigada a deixar de comer carne e voltou a cozinhar a lenha por conta da inflação dos alimentos e gás de cozinha.

“Famílias de menor renda acabam alterando as cestas de produtos. Há um aumento muito alto dos preços, não só nos combustíveis, e isso tem afetado a capacidade das famílias de menor renda de manter a própria cesta básica”, acrescenta Queiroz.

“Se os preços aumentam e a renda não aumenta, elas vão, consequentemente, diminuir a quantidade e a qualidade daquilo que compram. Então há uma deterioração da qualidade de vida e do poder de compra dessas pessoas”, completou o especialista.

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