Segundo a Aneel, as tarifas extorsivas cobradas em 2021 foram insuficientes para as distribuidoras
As cobranças adicionais das bandeiras tarifárias no ano passado fizeram os brasileiros pagarem R$ 20,658 bilhões a mais nas contas de luz. Criadas para compensar as distribuidoras pelo encarecimento na geração de energia – as usinas termoelétricas tiveram de ser acionadas diante do desabastecimento, já previsto há anos, das hidrelétricas – a adoção da chamada “bandeira vermelha patamar 2 de escassez hídrica” contribuiu para uma inflação de 21,21% no preço da energia ano passado.
Os brasileiros, desde agosto, foram obrigados pelo governo Bolsonaro a um racionamento forçado por conta das tarifas. Nesta quarta-feira (02) a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que os consumidores ainda devem outros R$ 10,5 bilhões para “cobrir” os custos extras do acionamento das térmicas no ano passado.
O valor pago em 2021 é o mais alto registrado desde que o sistema de bandeiras tarifárias foi criado, em 2015. A cobrança extra autorizada adicionou R$ 14,20 a cada 100 kWh de energia consumidos. Apesar da melhora dos reservatórios no final do ano e começo de 2022, a cobrança será mantida pelo menos até abril para cobrir os bilhões que as empresas privadas do setor dizem precisar para compensar os gastos.
Além dos custos retroativos da bandeira de escassez, os brasileiros também terão que bancar um empréstimo bilionário concedido pelo governo às distribuidoras. De acordo com dados da própria Aneel, o empréstimo deverá adicionar ao menos, e ainda, 9% de reajuste nas contas em 2022.
A Aneel divulgou recentemente uma pesquisa mostrando que em 2021, 22,44% das famílias deixaram de pagar a conta de luz por um mês ou mais. Considerando os mais pobres, o percentual de lares que não conseguiram pagar a conta de luz por pelo menos um mês no ano passado o percentual atingiu cerca de 40% das famílias, segundo a Aneel.
Enquanto isso, a mensal de lucro das empresas privadas de distribuição de energia foi, no ano passado, de R$ 27,5 bilhões ante R$ 14,8 bilhões por mês no mesmo período do ano anterior. Essa informação não deixa dúvidas de que os tarifaços estão ajudando a engordar os cofres das empresas.
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