Máscaras de alta proteção, distanciamento e ambientes ventilados são as principais recomendações para evitar infecções pelo novo coronavírus e influenza
São Paulo – Como se não bastassem os recordes de casos de covid-19 em função do avanço da variante ômicron, surtos de gripe também vêm assolando o país. Estados do Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco, por exemplo, já classificam o aumento de casos de gripe causada pelo vírus influenza A (H3N2) como “epidemia”. Além disso, os sintomas das doenças são muito parecidos. Apenas testes em laboratórios são capazes de identificar. Há também o risco da chamada “coinfecção”. Ocorre quando a pessoa é acometida por ambas as doenças ao mesmo tempo.
Ainda não há estudos clínicos com pacientes que pegaram covid-19 e gripe simultaneamente. Contudo, a boa notícia, de acordo com a infectologista Marília Santini, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), é que as observações preliminares não apontam para o agravamento do quadro do paciente.
“Temos vários relatos, tem o boletim do CDC (órgão dos Estados Unidos para o controle de doenças) com cem casos. Aparentemente não houve influência na evolução clínica ou na gravidade da doença”, afirmou Marília à Agência Fiocruz.
Ainda assim, ela alerta que faltam análises mais aprofundadas sobre o tema. “Tudo indica que não tem (influência). Mas não existe um estudo específico para poder afirmar com certeza”.
Prevenção
Outro ponto positivo, de certa maneira, é que os cuidados para evitar a contaminação, seja contra as variantes do coronavírus ou a influenza, vão na mesma linha. “As formas de prevenção são as mesmas”, afirmou a infectologista. “Distanciamento social, ambientes ventilados e uso de máscaras principalmente. Especialmente as que têm maior poder de filtração, como a PFF2″, explicou.
Em função da escassez de testes, tanto nos laboratórios privados e farmácias, como na rede pública, o ideal é iniciar o isolamento a partir do aparecimento dos primeiros sintomas, antes mesmo da confirmação do diagnóstico. Ou, até mesmo, sem realizar a testagem.
O que muda é o tempo de isolamento. “Para influenza, é enquanto a pessoa apresentar os sintomas, que geralmente são quatro ou cinco dias. Para covid-19, o isolamento costuma ser um pouco mais prolongado, sete dias, em alguns lugares dez dias”, disse Marília.
Sintomas
Tanto o vírus da gripe como o da covid atacam as células do “epitélio respiratório”. Trata-se de uma espécie de membrana que reveste os órgãos internamente, desde o nariz e a garganta, até os brônquios e pulmões. Por isso os sintomas se confundem.
“Não é possível diferenciar covid-19 de influenza através dos sintomas. Sejam as duas juntas ou uma separada da outra. Se a pessoa está com coriza, dor no corpo, febre, dor de garganta, ninguém pode dizer se é um sintoma de covid, de Influenza ou das duas juntas”, ressaltou.
Para a variante ômicron, recentemente dois novos sintomas vem sendo relatados com frequência. Segundo o aplicativo ZOE Covid, desenvolvido pela universidade inglesa King’s College, os infectados apresentavam vômito e perda de apetite. O professor Tim Cook destacou que esses sintomas foram registrados inclusive em pessoas vacinadas. Até entre as que receberam a dose de reforço.
Vacinação
Um das causas desses surtos de gripe no Brasil foi a baixa adesão à vacinação no ano passado. Além disso, a variante H3N2, apareceu no país no final de novembro conseguiu escapar das vacinas aplicadas. Uma versão atualizada já está em fabricação para a campanha de vacinação do ano que vem.
Ainda assim, diante do surto epidêmico, a capital fluminense apostou numa campanha de vacinação com o imunizante defasado. E os resultados foram positivos, de acordo com Marília. “Pelos dados do Rio de Janeiro, já diminuíram bastante os casos de influenza. Mas enquanto o vírus estiver circulando há sempre a chance de ter novos casos”, alertou.
Por outro lado, as vacinas contra a covid-19 fizeram despencar os índices de casos graves e mortes pela doença, quando comparados com o ano passado. Duas doses das vacinas, contudo, não conseguem conter a ômicron, mais transmissível. Por isso, a necessidade de aplicação da dose de reforço.