Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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População negra: números mostram a desigualdade no Brasil

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Negros e negras são maioria no Brasil. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 56% da população se declara como preta ou parda. Apesar disso, os negros são tratados como minoria e sentem de forma cotidiana o racismo. Não estão representados no mercado de trabalho, na educação e sofrem mais com a desigualdade social.

Os negros são os mais prejudicados quando o assunto é emprego. Atualmente, representam 72,9% dos desocupados no Brasil. Isso significa que mais de 10 milhões de trabalhadores negros estão procurando emprego no país.

A desigualdade aparece também na fome e na insegurança alimentar, que atinge hoje 40% dos brasileiros. Desses, 28,4% são integrantes de famílias chefiadas por negros ou pardos, enquanto 12,1% vivem em lares em que o responsável pela família é branco.

Segundo o Boletim Especial 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 8,9 milhões de homens e mulheres saíram da força de trabalho no primeiro e no segundo trimestres de 2020. “Desse total, 6,4 milhões eram negros ou negras e 2,5 milhões, trabalhadores e trabalhadoras não negros”. Porém, em 2021, 4,6 milhões de negros não retornaram ao trabalho, enquanto 2,3 milhões dos trabalhadores não negros conseguiram recolocação.

A desproporção continua quando os postos de trabalho são analisados. A pesquisa “Racismo no Brasil”, do Instituto Locomotiva, aponta que apenas 22% dos cargos de chefia no país são ocupados por negros. Já entre as ocupações que não exigem qualificação, pretos e pardos representam 67% dos trabalhadores.

Na educação, também é possível observar a desigualdade. A média de anos de estudo formal da população negra representa 82,5% da branca. Em 2018, o índice de matrículas dos negros de 18 a 24 anos nas universidades foi de 18,3%, enquanto o dos brancos foi de 36,1%.

Esse indicativo até pode mudar em alguns anos, graças ao Prouni e à Lei de Cotas. Isso se continuarem. A Lei de Cotas perde a validade em 2022 e Bolsonaro já se declarou contrário à renovação: “sempre questionei a questão de cotas”, diz o presidente que afirma não ser racista.

O Enem 2021 também não colabora para um cenário mais igualitário. Será a mais branca e elitista de todas as edições do exame. A prova, que chegou a ter mais de 1,1 milhão de inscritos pretos em 2016, tem apenas 362,3 mil neste ano.

No governo Bolsonaro, as ações afirmativas perderam espaço. Em 2020, o gasto do governo no enfrentamento ao racismo foi de R$ 2,7 milhões, contra a média de R$ 37,2 milhões nos últimos dez anos. Isso significa que apenas 2% da verba destinada à promoção da igualdade racial foi utilizada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

No mesmo país que não investe no enfrentamento ao racismo, a chance de uma pessoa negra ser assassinada é 2,6 vezes superior à de uma pessoa não negra. Os dados são do Atlas da Violência 2021, que também aponta que parte das mortes violentas de negros não foi registrada como assassinato, mas como causa indeterminada. São casos sem solução, ou não investigados.

São diversos os indicadores que apontam para o racismo estrutural no Brasil. Estrutural porque a discriminação que privilegia alguns em detrimento de outros é base da estrutura social do país. Estrutura que no governo Bolsonaro não será desconstruída, visto que não há projetos nem investimento que visem diminuir a desigualdade racial no Brasil.

O próprio presidente insiste em dizer que o racismo não existe e já afirmou publicamente que as tensões raciais não fazem parte da história do Brasil ‒ o mesmo Brasil em que 78% dos mortos pela polícia são negros. Vale lembrar que a escravidão acabou há apenas 133 anos no país e são justamente as políticas públicas e as ações afirmativas que irão diminuir as desigualdades causadas por 300 anos de exploração do povo negro.

www.ctb.org.br/ por Andressa Schpallir

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