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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Famílias de renda muito baixa sentem disparada maior nos preços, indica instituto

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A inflação desacelerou em agosto para as famílias de renda mais baixa, mas os brasileiros mais pobres ainda sentem um impacto superior da disparada de preços. É o que indica um estudo mensal divulgado nesta quarta-feira (15) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Cinco dos seis grupos de rendimento analisados pelo levantamento viram a inflação perder fôlego de julho para agosto.

Entre as famílias de renda considerada muito baixa, a variação nos preços passou de 1,12% para 0,91%. Mesmo com a desaceleração, a inflação acumulada em 12 meses até agosto alcançou 10,63% nesse grupo —estava em 10,05% até julho.

Tanto o avanço de 0,91% quanto o de 10,63% são os maiores da pesquisa. Segundo o Ipea, as famílias de renda muito baixa são aquelas com rendimento domiciliar inferior a R$ 1.808,79 por mês.

Em 12 meses, o bolso dos brasileiros mais pobres foi pressionado especialmente pelos avanços de 16,6% nos alimentos no domicílio, de 21,1% na energia elétrica, de 31,7% no gás de botijão e de 5,6% nos medicamentos.

O estudo ressalta que, no acumulado, a inflação dos mais pobres segue “significativamente acima” da registrada pela classe de renda alta.

Entre os mais ricos, o avanço nos preços foi de 8,04% no acumulado até o mês passado. É a menor marca da pesquisa. O grupo de renda alta é formado por famílias com rendimento domiciliar superior a R$ 17.764,49 por mês.

“Tempos atrás, a gente imaginava que a diferença entre a inflação acumulada dos mais pobres e a dos mais ricos se estreitaria mais a partir de junho, julho. Ainda não é isso que estamos vendo”, sublinha Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisa do Ipea.

“Os alimentos, ao contrário do que era esperado, voltaram a impactar a inflação, principalmente a dos mais pobres, e não era imaginado um quadro tão ruim para a energia elétrica”, acrescenta a pesquisadora.

Conforme o Ipea, o acumulado dos mais ricos reflete em grande parte os reajustes de 41,3% nos combustíveis, de 30,2% nas passagens aéreas e de 12,4% nos aparelhos eletroeletrônicos, além da recente recuperação dos preços dos serviços de recreação, cuja alta em 12 meses passou de 0,07% em janeiro para 5,3% em agosto.

No recorte mensal, de julho para agosto, a inflação da faixa de renda alta desacelerou de 0,88% para 0,78%, a menor do levantamento.

A exemplo das famílias de rendimento muito baixo, o segmento de renda considerada baixa (entre R$ 1.808,79 e R$ 2.702,88) também registrou variação de 0,91% em agosto, a maior do recorte mensal. Em julho, o resultado desse grupo havia sido de 1,07%.

Na renda média-baixa, a inflação foi de 0,90% em agosto, após a marca de 1,01% em julho. Essa faixa tem rendimento domiciliar entre R$ 2.702,88 e R$ 4.506,47 por mês.

Segundo o Ipea, o grupo de alimentação foi o que mais contribuiu para a inflação entre as famílias dos três segmentos de renda inferior em agosto. Nas faixas com ganhos superiores, o maior impacto veio do grupo de transportes.

Em agosto, o único dos seis grupos pesquisados que viu a inflação acelerar foi o de renda média-alta. Na comparação com julho, a variação desse segmento passou de 0,78% para 0,85%. A renda média-alta é formada por famílias com rendimento domiciliar entre R$ 8.956,26 e R$ 17.764,49 por mês.

Na visão de Maria Andreia, a inflação para os mais pobres tende a apresentar algum alívio até o final do ano no acumulado de 12 meses. A perda de fôlego, ressalta a pesquisadora, “não deve ser muito grande”. A perspectiva de desaceleração está associada, em parte, a um efeito estatístico. É que, na reta final de 2020, os preços de alimentos tiveram um forte aumento.

Já para os mais ricos, diz Maria Andreia, a inflação no acumulado pode ganhar força nos próximos meses. A projeção está ancorada na retomada do setor de serviços, que tem um peso maior no consumo entre as famílias com rendimento superior.

“É um quadro de pressão inflacionária, que ainda está maior para a faixa de renda mais baixa, e as perspectivas não são muito animadoras para o final do ano”, aponta a técnica.

www.ctb.org.br/ Leonardo Vieceli, na FSP

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