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/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Covid-19 aumentou pobreza, fome e desigualdade; ‘Catástrofe geracional’, diz Nações Unidas

A porcentagem de pessoas vivendo na extrema pobreza no mundo aumentou de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020 - Créditos da foto: Midia NINJA
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“Ações dos próximos 18 meses determinarão se planos de recuperação colocarão mundo no caminho”, mostra relatório da ONU

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A pandemia de covid-19 impactou o mundo de forma negativa em muitos setores, aumentado a pobreza e a fome. A porcentagem de pessoas vivendo na extrema pobreza no mundo aumentou de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020. Cerca de 90% dos países ainda relatam problemas diversos nos serviços de saúde. A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica os efeitos do coronavírus como “catástrofe geracional” na educação.

Diante deste cenário, o Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2021, da ONU, aponta para a necessidade de soluções rápidas. “As decisões e ações tomadas durante os próximos 18 meses determinarão se os planos de recuperação da pandemia colocarão o mundo no caminho para alcançar as metas acordadas globalmente que visam a impulsionar o crescimento econômico e o bem-estar social, protegendo o meio ambiente”, afirma o texto.

A entidade trabalha em cima de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte da Agenda 2030. A ideia é fomentar ações e direcionar boas práticas para que o mundo alcance, ainda que tardiamente, um modelo de desenvolvimento menos agressivo e propenso às catástrofes.

Entre estes objetivos, afetados pela pandemia, é possível citar: erradicação da pobreza; fome zero; saúde e bem-estar; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia limpa e acessível; redução das desigualdades; entre outros.

Contra este cenário de fome, O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já doou um milhão de marmitas e cinco mil toneladas de alimentos durante a pandemia do coronavírus.  Wellington Lenon

Desigualdade

Além do aumento na extrema pobreza, os demais índices de desenvolvimento humano foram afetados como um todo. De acordo com estudos da ONU, de 119 a 124 milhões de pessoas foram empurradas para situação de pobreza em 2020, cerca de 255 milhões de empregos foram perdidos. O número de pessoas afetadas pela fome aumentou de 83 para 132 milhões.

“Estamos em um momento crítico na história da humanidade. As decisões e ações que tomamos hoje terão consequências importantes para as gerações futuras”, destaca o subsecretário-geral do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Lui Zhenmin.

Se por um lado, os mais pobres e a classe média vivem escassez de recursos, por outro, os mais ricos ficaram mais ricos. A desigualdade crescente atinge níveis brutais em todo o planeta. Uma das evidências é a desigualdade vacinal entre as nações.

“A pandemia expôs e intensificou as desigualdades dentro e entre os países. Em 17 de junho de 2021, cerca de 68 vacinas foram administradas para cada 100 pessoas na Europa e na América do Norte, em comparação com menos de duas na África Subsaariana”, completa o relatório.

Maiores desafios

A realidade também é especialmente difícil para países em desenvolvimento, como o Brasil. Com recuo da economia global, os fluxos de investimentos estrangeiros diretos reduziram 40%. Isso implicou, de acordo com a ONU, no aumento do endividamento dessas nações.

Mesmo com a desaceleração da economia, não foram notados efeitos significantes na redução do aquecimento global. “A desaceleração econômica em 2020 fez pouco para diminuir a crise climática. As concentrações dos principais gases de efeito estufa continuaram a aumentar, enquanto a temperatura média global estava cerca de 1,2°C acima dos níveis pré-industriais, perigosamente perto do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris”, relata a ONU.

Confira os principais destaques do relatório:

  • A taxa global de extrema pobreza aumentou pela primeira vez desde 1998, de 8,4% em 2019 para 9,5% em 2020.
  • Entre 1 de fevereiro e 31 de dezembro de 2020, governos de todo o mundo anunciaram mais de 1.600 medidas de proteção social, principalmente de curto prazo, em resposta à crise da COVID-19.
  • Impactos relacionados à pandemia são prováveis de desencadear ainda mais um atraso no crescimento, que já afeta mais de 1 a cada 5 crianças.
  • A pandemia paralisou ou reverteu o progresso e apresenta as maiores ameaças além da doença em si. Cerca de 90% dos países ainda relatam uma ou mais perturbações dos serviços de saúde essenciais.
  • O impacto da pandemia da COVID-19 na educação é uma “catástrofe geracional”. Um adicional de 101 milhões de crianças e os jovens ficaram abaixo do nível mínimo de proficiência em leitura, apagando os ganhos educacionais alcançados nas últimas duas décadas.
  • A pandemia COVID-19 afetou negativamente o progresso em direção à igualdade de gênero: a violência contra mulheres e meninas se intensificou; espera-se que o casamento infantil aumente e as mulheres sofreram uma parcela desproporcional de perdas de empregos e aumentaram os cuidados em casa.
  • 759 milhões de pessoas permaneceram sem eletricidade e um terço da população global carecia de combustíveis e tecnologias limpas para cozinhar em 2019.
  • Uma recuperação econômica está em andamento, liderada pela China e pelos Estados Unidos, mas para muitos outros países, o crescimento econômico não deve retornar aos níveis pré-pandêmicos antes de 2022 ou 2023.
  • O mundo ficou aquém das metas de 2020 para deter a perda de biodiversidade e a perda de 10 milhões de hectares de floresta a cada ano entre 2015-2020.
  • Embora a ajuda oficial ao desenvolvimento tenha aumentado em 2020 para um total de 161 bilhões de dólares, isso ainda está muito abaixo do que é necessário para responder à crise da COVID-19 e cumprir a meta estabelecida há muito tempo de 0,7% da Renda Nacional Bruta.
  • Em 2020, 132 países e territórios relataram que estavam implementando um plano estatístico nacional, sendo que 84 tinham planos totalmente financiados. Apenas 4 dos 46 Países Menos Desenvolvidos relataram ter planos estatísticos nacionais totalmente financiados.
  • De acordo com o relatório, o esforço de recuperação também dependerá da disponibilidade de dados para informar a formulação de políticas. Garantindo que haja financiamento suficiente disponível para a coleta de dados, tanto por meio da mobilização de recursos internacionais quanto domésticos, será fundamental para esses esforços.

www.brasildefato.com.br / Gabriel Valery /Rede Brasil Atual

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