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/ domingo, novembro 10, 2024
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Miguel Nicolelis: “É difícil entrar em contato com notícias da covid-19, mas é preciso partilhar essa dor”

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Neste episódio do podcast ‘Diário do front’, neurocientista comenta que a pandemia continua a machucar famílias enquanto boa parte do Brasil não quer aceitar o estrago promovido pela doença. Mas, diz, é preciso olhar para essa tragédia e reconhecer-se nela para nos entendermos como sociedade

O Brasil se aproxima de 380.000 mortes por covid-19, mas uma em especial quebrou o neurocientista Miguel Nicolelis. A médica Carmela Caneppa, que estava na linha de frente no combate à pandemia no sudoeste do Paraná, morreu neste domingo, 18, depois de perder o pai médico e a mãe, professora. Carmela estava grávida, e seu pai, o médico João Caneppa havia morrido em março também de covid-19 depois de um atendimento médico —ele adiou a aposentadoria para ficar na linha de frente de combate à doença. O vírus alcançou sua mãe, Neuza Caneppa, que veio a falecer no dia 13 de abril, como informa a Gazeta do Povo, jornal do Paraná. A filha se contaminou cuidando dos pais. Estava internada na cidade de Francisco Beltrão, mas não resistiu. “Uma heroína da pandemia, filha de outro herói”, se emociona Nicolelis.

 A FACE HUMANA DA TRAGÉDIA BRASILEIRA
O que você precisa saber sobre o futuro da crise do coronavírus no Brasil, por Miguel Nicolelis
O retrato de mais uma família partida é a foto que ninguém quer olhar no Brasil de 2021. A tristeza intrínseca em cada história, dentro das estatísticas mórbidas da pandemia, pode explicar por que tanta gente foge de sentir essa dor. Mas Nicolelis recorre ao filósofo Bertrand Russell que lembrou como os atenienses se reconheciam enquanto seres humanos ao rever suas tragédias. O Brasil precisa reconhecer a dor para sair dela.

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