Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
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Com novo aumento dos combustíveis, preço da gasolina sobe 34,4% só este ano

Preços em postos de combustíveis na região do Paraíso, capital de SP, em 18/02/2021
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A partir desta sexta (19) os preços do diesel nas refinarias vão subir cerca de 15% e a gasolina 10%. Acumulado do ano chega a 27,7% e 34,4% respectivamente. É o 6º aumento do diesel e o 5º da gasolina, em 2021

Pela sexta vez neste ano, a Petrobras decidiu aumentar o preço do diesel, e pela quinta vez o da gasolina. A partir desta sexta-feira (19),com o novo reajuste nas refinarias em torno de 15%, o diesel ficará em R$ 2,58,o litro (aumento de R$0,34) e a gasolina chegará a R$ 2,48, o litro, com o reajuste em torno de 10% (aumento de R$ 0,23).

De janeiro de 2021 até agora, o acumulado de reajustes foi de 34,4% para a gasolina e 27,7% para o diesel. O último aumento ocorreu há dez dias, em 8 de fevereiro. Ainda não se sabe qual o percentual que deverá ser repassado ao consumidor no preço final na bomba dos postos de combustíveis, e nem se isto se refletirá também nos preços do GLP, gás de cozinha.

Desta vez, a desculpa pelo novo reajuste é a nevasca no Texas, nos Estados Unidos. O estado norte-americano paralisou a produção das refinarias locais, responsáveis pela produção de cerca de um milhão de barris por dia, o equivalente a um terço do volume produzido no Brasil.

Com a paralisação por causa das tempestades de neve, os preços do petróleo no mercado internacional subiram em 1,8%, em Nova Iorque (EUA) e o negociado em Londres (Inglaterra) 1,6%. Nesta quarta (17), as duas principais cotações fecharam em alta de cerca de US$ 1 (R$ 5,40) por barril.

A responsabilidade pela disparada nos preços é do governo Bolsonaro

Apesar das declarações de Jair Bolsonaro (ex-PSL) isentando o governo federal de responsabilidade sobre os aumentos nos preços do gás, gasolina e diesel, a verdade é que a política de preços de paridade com o mercado internacional da Petrobras, é a maior responsável pelo valor que a população paga.

Recentemente, o presidente disse a apoiadores, ao justificar o preço do gás de cozinha, que o imposto federal do GLP é baixo. Segundo ele, o preço na origem é menos de R$ 40 e o imposto federal (sobre o produto) é de R$ 0,16. Bolsonaro ainda culpou os governadores pelo valor alto pago pela população, afirmando que cada estado tem um índice diferente do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS ), que incide sobre o valor do diesel , da gasolina e do gás.

É mentira de Bolsonaro. Segundo o diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), William Nozaki ,não houve grandes oscilações nos preços do ICMS cobrados pelos estados que justifiquem os reajustes da Petrobras.

Ele explica que o preço dos combustíveis no Brasil é composto pelos ganhos da refinaria, dos distribuidores e revendedores, o valor do biodiesel acrescido aos combustíveis, mais os impostos federais e estaduais. “A verdade é que a fatia final dos impostos chegam no máximo a 28% sobre o preço dos combustíveis”.

“Nos últimos anos não houve nenhum reajuste relevante do ICMS que explique o grau de oscilação que os combustíveis passaram a ter. Isto significa que não só os impostos que estão provocando os aumentos”, afirmou o diretor técnico.

O que provoca aumento nos preços é a política da Petrobras que atrelou a oscilação do barril de petróleo ao preço ao mercado internacional

– William Nozaki

O preço interno é atrelado ao mercado internacional, por meio de um mecanismo chamado Paridade de Preços Internacionais (PPI), que nada mais é do que o valor cobrado lá fora, transformado em real pela taxa de câmbio, mais 5%. A política de paridade foi adotada em 2016, no governo Michel Temer (MDB-SP), após o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.

“Quando a política de paridade foi implementada pelo ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, o reajuste era diário em tempo real. Mudou na bolsa, mudou nas bombas e refinarias, o que gerou uma série de turbulências e culminou na greve dos caminhoneiros, e o governo decidiu mudar os reajustes para quinzenais”, conta Nozaki. No governo Bolsonaro, prossegue, “não há data no calendário especificando quando haverá reajustes que podem ser diários, semanais, mensais ou trimestrais e o calendário de reajustes fica a critério da empresa”.

www.cut.org.br /Rosely Rocha

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