Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sábado, setembro 21, 2024
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Cresce assustadoramente a desigualdade social durante a pandemia

Foto Aditya Aji / AFP
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Alguns chegaram a dizer que o coronavírus é democrático por não escolher como seu assassinado. Essa tese cai por terra quando se analisa dados de pesquisas importantes.

A ONG Oxfam mostra que no Brasil, os negros têm 40% mais chance de contrair o vírus e nos Estados Unidos a maioria dos pacientes e dos óbitos é de negros e latinos. Ou seja, “os mais pobres adoecem e morrem mais que os mais ricos. Isso porque a maioria dos governantes preferiram socorrer banqueiros e grandes empresários, como fez Jair Bolsonaro e seu ministro da economia, Paulo Guedes ”, alerta Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

O governo brasileiro, inclusive, cortou no auxílio emergencial de R $ 600, depois cortou para R $ 300 a partir deste mês está em zero. Mesmo sabendo que esse auxílio movimentou a economia e manteve fora da pobreza absoluta milhões de famílias.

A Oxfam mostra que os muito ricos levaram apenas nove meses para recuperar a sua riqueza de antes da pandemia, enquanto os mais pobres devem levar 14 anos para ter o mesmo poder aquisitivo de março de 2020.

O Levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que 114 milhões de pessoas perderam o emprego no ano de 2020. E pior ainda, 81 milhões de trabalhadores e trabalhadores exercidos no mercado de trabalho por não conseguirem trabalhar devido ao isolamento social devido pela pandemia ou porque desistiram de procurar trabalho por falta de perspectivas. Isso significa que US $ 3,7 trilhões, 4,4% do Produto Interno Bruto mundial, viraram fumaça.

“A pandemia escancarou de modo claro a necessidade de mudança nas políticas adotadas pela maioria dos governos”, afirma Vânia. “As prioridades estão invertidas na maioria dos países”.

No caso brasileiro, diz a sindicalista, “o desgoverno atual beneficia os muito ricos, os banqueiros, os latifundiários e corta investimentos na agricultura familiar, não cria políticas em favor dos pequenos e médios empresários e retira direitos da classe trabalhadora e com desemprego crescente. As pessoas estão ficando desesperadas ”.

Assista vídeo  O Vírus da Desigualdade , da Oxfam

Informações da Associação Brasileira do Trabalho Temporário, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, mais de 2 milhões das contratações de 2020 foram contratados, quase 35% a mais do que em 2019 e sem nenhum direito trabalhista. “Consequência da reforma trabalhista e do alto índice de índice de desemprego que está em quase 15% da população economicamente ativa”, destaca Vânia.

De acordo com a OIT, as mulheres e a juventude são os mais atingidos pelo desemprego. Com 5% das mulheres ficando sem trabalho, índice superior aos 3,9% dos homens. Já 8,7% dos jovens de 15 a 24 anos perderam o emprego na pandemia. Mais que o dobro da população adulta, que ficou em 3,7%. Isso fez aumentar “avassaladoramente o número de informações no mercado de trabalho, principalmente os entregadores de aplicativos”, destaca.

Com o Dia Internacional da Mulher – 8 de março – se aproximando, enquanto as mulheres continuam a pagar o pato das crises. “Em todas as crises, as mulheres são as primeiras a perder o emprego e as últimas a se realocarem no mercado de trabalho”, argumenta Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB.

Além de “sermos demitidas antes que os homens e conseguirmos voltar depois, ganhamos menos e temos menos possibilidade de ascender na carreira, mesmo com mais estudo”, reforça. Já a secretária da Juventude Trabalhadora da CTB, Luiza Bezerra ressalta a necessidade de criação de “políticas favoráveis ​​ao emprego da juventude, que anda sem perspectivas com a falta de programas que favoreçam o trabalho e a educação”.

Segundo a Oxfam, os dez homens mais ricos do mundo acumularam US $ 540 bilhões durante uma pandemia. O levantamento da ONG mostra ainda que a riqueza dos bilionários aumentou US $ 3,9 trilhões, no mundo, de 18 de março a 31 de dezembro de 2020. Enquanto, “milhões de pessoas informadas sem ter onde morar por não ter dinheiro para pagar o aluguel e mais ainda sem ter o que comer ”, assinala Vânia.

Estudo do Banco Mundial aponta para um acréscimo de 501 milhões de pessoas vivendo com menos de US $ 5,50 por dia em 2030, se não houver mudança nos rumos da política econômica. Por isso, para Vânia, no Brasil, “o auxílio emergencial é fundamental para manter as pessoas em condições de não morrer de fome e correrem mais riscos de contaminação pelo coronavírus por necessitarem sair em busca de dinheiro de qualquer maneira para manter a família”.

Luiza e Celina concordam com a necessidade de projetos para recuperar a economia com valorização do trabalho com uma renda que pode propiciar vida digna a todas as pessoas. Como diz Guy Rider, diretor-geral da OIT, “se queremos uma recuperação duradoura, sustentável e inclusiva, esse é o caminho com o qual os decisores políticos se devem comprometer”. O Brasil com Bolsonaro na Presidência está há anos luz de pensar em uma recuperação nesses moldes.

Para a recuperação dar vida digna às pessoas à OIT indica:

• Manutenção de políticas macroeconômicas flexíveis em 2021 e em anos subsequentes, na medida do possível, por meio de incentivos fiscais e da adoção de medidas que estimulem a renda e o investimento

• Formulação de determinadas voltadas para mulheres, jovens, trabalhadores com baixa qualificação e baixa remuneração, e outros grupos duramente atingidos.

• Prestação de assistência internacional a países de baixa e média rendas, que aproveita de menos recursos financeiros para realizar o processo de vacinação e promover a recuperação econômica e do emprego;

• Adoção de medidas específicas de apoio dirigidas aos setores mais duramente afetados e promoção do emprego nos setores em que os são avanços mais rápidos;

• Promoção do diálogo social para a implementação das políticas de recuperação à criação de economias mais inclusivas, justas e sustentáveis.

www.ctb.org.br / Por Marcos Aurélio Ruy

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