A informação para os brasileiros de renda muito baixa (menos de R $ 1650,50 por domicílio por mês) foi maior do que a informação dos que têm renda alta (mais de R $ 16.509,66) em 2020. Em números, 6, 22% frente a 2,74%.
O cálculo, divulgado, nesta sexta (15), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) , acabou escondido em meio à tragédia da falta de oxigênio em hospitais de Manaus. O ano começa com pandemia, índice de crescimento e alta, mas sem auxílio emergencial .
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue afirmando que não irá prorrogar o benefício. A mortalidade causada pela pandemia, contudo, não dá sinais que vai arrefecer nos próximos meses. Tampouco publicado.
Na média, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), geral pelo IBGE, fechou o ano em 4,52%.
“Como para as famílias mais pobres os gastos com alimentos, energia e gás comprometem 37% dos seus orçamentos, os reajustes acumulados de arroz (76%), feijão (45%), carnes (18%), leite (27%) e óleo de soja (104%), além das tarifas de energia (9,2%) e do gás de botijão (9,1%), contribuiu para uma alta inflacionária bem mais intensa que um observado sem segmento mais rico, cujo peso presente itens nas despesas mensais é de 15% “, afirma documento do Ipea.
Por outro lado, itens com grande peso nas famílias mais ricas subiram pouco no primeiro ano da pandemia, como mensalidades escolares (1,1%) e serviços médicos e hospitalares (1,8%). Ou caíram, como passagens aéreas (-17%), seguro de automóvel (-8%) e gasolina (-0,2%).
Já não bastasse o fim do auxílio emergencial, a alta nos preços que impactam mais os mais pobres e o recrudescimento da pandemia (que afeta mais quem tem menos acesso a hospitais com recursos), o ano começa com viés de alta: 14,1 milhões e subindo, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do IBGE.
A recuperação de vagas com carteira assinada tem sido rápida, como previsto. Contudo, há um exército de trabalhadores informais que está saindo da quarentena, procurando serviço e não encontra.
Com o fim do auxílio, os economistas acreditam que uma transição vá ceder. Até porque as pessoas comprarão menos comida – sim, a nos alimentos durante a pandemia também serve como indicador de que estamos longe de garantir dignidade a todos. E acreditar que, com a volta do crescimento econômico, os desempregados serão absorvidos e informais se tornarão formais, paulatinamente.
O problema de cálculos como esse é que o tempo das planilhas é diferente do tempo das pessoas. Entre uma coisa e outra, há um intervalo em que milhões de brasileiros, sem auxílio emergencial e sem serviço, encontrar preços mais altos para comida e aluguel.
Soma-se a isso que, devido à demora no processo de vacinação e a ausência de perspectiva para imunizar toda a população, o coronavírus continuará matando especialmente os trabalhadores pobres, que não fazem home office e precisam ir para a rua devido à ausência de auxílio emergencial . Em outras palavras, o colapso da falta de oxigênio pode ser o primeiro de muitos.
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