Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Brasil volta a registrador mais de mil mortes e 57.447 novos casos de Covid em 24h

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País contabiliza 197.777 vidas perdidas e 7.812.007 pessoas contaminadas desde o início da pandemia. Com a taxa de transmissão do novo coronavírus em alta, o Brasil voltou a registrar mais de mil mortes por Covid-19 nesta terça-feira (5). Foram 1.186 novos óbitos nas últimas 24 horas e 57.447 casos, segundo o consórcio de veículos de imprensa.

Com isso, já são 197.777 mortes registradas e 7.812.007 pessoas contaminadas desde o início da pandemia. Isto acontece no momento em que a taxa de transmissão do vírus em todo o mundo teve uma ligeira alta esta semana, segundo o Imperial College de Londres. A taxa subiu de 1,01 para 1,04, o significa dizer que, em tese, cada 100 pessoas infectadas passam o vírus para outras 104.

Segundo especialistas, qualquer taxa acima de 1 significa que o número de casos está acelerando. A pandemia começa a ser controlada quando a chamada taxa R permanece abaixo de um por, no mínimo, duas semanas seguidas. A chance de os números refletirem a realidade é de 95%.

Vale ressaltar que, em razão dos feriados prolongados de Natal e no Novo, os laboratórios e as secretarias de Saúde trabalharam em esquema de plantão. Por isso os dados desta terça-feira (5) estão represados e vão sendo liberados nos dias seguintes. No entanto, o Brasil vem registrando há semanas o aumento significativo de mortes, e de acordo com os especialistas esse número pode aumentar ainda mais nas próximas semanas devido as aglomerações nas festas de fim de ano.

Desde o começo da pandemia, o Brasil tem administrado a crise de forma desastrosa, e ainda não tem data para o começo da vacinação. Cerca de cinquenta países já iniciaram sua campanha de vacinação contra a doença, um ano após o primeiro alerta lançado pelas autoridades chinesas à Organização Mundial de Saúde (OMS).

Nas últimas 24 horas, 57.447 novos casos de Covid-19 foram confirmados. É mais do que o dobro do número da última segunda (4). Nesta terça, o Brasil registrou, em média, 32.260 novos casos por dia, uma queda de 30% na comparação com a média de duas semanas atrás. Já a média móvel de mortes está em 723 por dia, 7% a menos do que a média de 14 dias atrás. Como a variação é menor do que 15%, temos estabilidade.

Situação crítica no Amazonas

O aumento de casos confirmados de Covid-19 em Manaus fez crescer o número de pessoas que morreram em casa, muitas delas sem assistência médica. Nos três primeiros dias contabilizados de 2021 (2 a 4 de janeiro) foram 33 mortes em domicílio, média de 11 por dia, quase o dobro da média diária do mês de dezembro, que já tinha registrado aumento em relação a novembro.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, em dezembro foram pelo menos 213 óbitos em domicílio, segundo os dados da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana e Serviços Públicos, que administra os cemitérios da cidade.

As mortes são diretas e indiretamente ligadas à pandemia, segundo a FVS-AM (Fundação de Vigilância Sanitária do Amazonas). Inclui tanto as pessoas que morreram por Covid-19 quanto as pessoas que morreram por outras doenças por não terem conseguido atendimento hospitalar.

Manaus enfrenta superlotação, falta de leitos, macas nos corredores, aumento de internações e pessoas se aglomerando, sem distanciamento social, dentro das unidades de saúde da capital amazonense.

A taxa de ocupação dos leitos de terapia intensiva na rede pública chegou a 92% nesta segunda-feira (4), quando ocorreu um novo recorde de hospitalizações em 24 horas desde o início da pandemia em Manaus.

Estados

Cinco estados têm alta na média de mortes: Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins e Sergipe. As maiores altas foram registradas em Roraima – que tem média de duas mortes por dia -, com 129%, e no Amazonas – que tem média de 26 óbitos por dia – com 88%.

Com variação de até 15% para mais ou para menos, considerada estabilidade, temos o DF e 16 estados: Acre, Rondônia, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Bahia, toda a região Centro-oeste – Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul -, além de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Com queda na média de mortes, temos cinco estados: Pernambuco, Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As maiores quedas foram em Pernambuco – que tem média de 14 mortes por dia -, 34%, e em Santa Catarina – com média de 37 mortes -, 30%.

VACINA 

Rede de médicos populares defende vacinação como obrigação do Estado brasileiro

Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares demonstrou preocupação com o possível acesso privado à vacina para covid-19

Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares lançou uma nota em que defende que a vacinação contra a covid-19 deve ser uma obrigação do Estado, encaminhada pelo Sistema Único de Saúde, de forma que seja acessível a toda a população.

“O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) tem um histórico de grande sucesso, com experiência bem-sucedida em campanhas de âmbito nacional e com reconhecimento internacional. Somente o pleno apoio e adequado incentivo financeiro e operacional ao PNI pode garantir equidade no acesso efetivo e seguro da população à vacina”.

Por meio da nota, o grupo ainda demonstra preocupação com a possibilidade de as desigualdades sociais do país interferirem no processo de imunização, com o dinheiro sendo o critério para quem irá se vacinar primeiro.

“Numa sociedade como a nossa, marcada por grotescas desigualdades sociais, é moralmente inaceitável que a capacidade de pagar seja critério para acesso preferencial à vacinação contra a covid-19. Caso isso ocorra, uma fila com base em riscos de se infectar, adoecer e morrer será desmontada. É inadmissível, portanto, permitir que pessoas com dinheiro pulem a fila de vacinação por meio da compra de vacinas em clínicas privadas.”

Confira a nota completa:

Vacinar no SUS é um direito de todas e todos e um dever do Estado

Neste momento de crise sanitária internacional e nacional devido à pandemia de covid-19 – somos o segundo país do mundo em número de mortos por essa doença –, é fundamental nos concentrarmos na luta pela vacinação já, com equidade. A equidade é importante como a garantia de justiça social, mas também como requisito para o tão esperado controle da pandemia. Que seja, portanto, garantida igualdade de acesso às cidadãs e cidadãos brasileiros na vacinação contra a covid-19.

O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS) tem um histórico de grande sucesso, com experiência bem-sucedida em campanhas de âmbito nacional e com reconhecimento internacional. Somente o pleno apoio e adequado incentivo financeiro e operacional ao PNI pode garantir equidade no acesso efetivo e seguro da população à vacina.

Devido à magnitude desta campanha de vacinação que tem como meta cobrir toda a população e a limitação da oferta de vacinas no mercado internacional, países como o Brasil têm definido um modelo de prioridades para sua implementação com base em critérios epidemiológicos e de vulnerabilidade social.

Somente o SUS, por intermédio do PNI, poderá garantir a vacinação de toda a população brasileira com base nesses critérios. Seringas, agulhas, insumos de biossegurança e adequada logística e competência são necessárias para atingirmos este objetivo. As vacinas objetos dos acordos de compra e transferência de tecnologia já estabelecidos com as empresas Sinovac e AstraZeneca devem formar a espinha dorsal da campanha de vacinação no País sob a coordenação do PNI.

Numa sociedade como a nossa, marcada por grotescas desigualdades sociais, é moralmente inaceitável que a capacidade de pagar seja critério para acesso preferencial à vacinação contra a covid-19. Caso isso ocorra, uma fila com base em riscos de se infectar, adoecer e morrer será desmontada. É inadmissível, portanto, permitir que pessoas com dinheiro pulem a fila de vacinação por meio da compra de vacinas em clínicas privadas.

Assim, causa preocupação o anúncio feito no dia 3 de janeiro que clínicas privadas negociam a importação de 5 milhões de doses de vacinas em desenvolvimento na Índia pelo laboratório Bharat Biotech.

No Reino Unido, para evitar a ocorrência de desigualdade social no acesso à vacina contra a covid-19, governo e empresas elaboram acordos para não permitir que vacinas sejam compradas por clínicas privadas, pelo menos enquanto uma grande parte da população não tiver sido vacinada pelo Sistema Nacional de Saúde (NHS). Este é o exemplo que podemos seguir.

Consequências nefastas da venda de vacinas contra a covid-19 por clínicas privadas, como as destacadas abaixo, vão além do aprofundamento do abismo social brasileiro:

Num momento de imensa necessidade de fortalecimento do SUS, renuncia-se ao seu potencial para vacinar a população brasileira com equidade, efetividade, eficiência e segurança, em prol do fortalecimento do mercado setor privado de saúde.

O detalhado acompanhamento da cobertura vacinal e a farmacovigilância para o monitoramento de eventos adversos, de grande importância principalmente no caso das vacinas contra a covid-19 com aprovação pelas agências reguladoras em prazos recordes, tornam-se mais difíceis ou mesmo se inviabilizam.

O aumento do número de pessoas com doses incompletas de vacina (sem tomar as duas doses) tem maior probabilidade de ocorrer entre as pessoas vacinadas no setor privado, diminuindo a eficácia e a efetividade da vacinação.

A sociedade brasileira e suas instituições democráticas estão alertas. A abertura da vacinação para clínicas privadas pode impactar negativamente o controle da pandemia, aumentar as desigualdades sociais na saúde e os riscos inerentes ao prolongamento da circulação do vírus na população. A mercantilização da vacina não será tolerada por um Brasil que luta pela vida, por um país mais justo e solidário.

05 de janeiro de 2021

Entidades signatárias:

Associação Brasileira de Economia de Saúde – Abres
Associação Brasileira de Educação Médica – Abem
Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco
Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais – Abrato
Associação Brasileira Rede Unida – Rede Unida
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – Cebes
Conselho Nacional de Saúde – CNS
Federação Nacional dos Farmacêuticos – Fenafar
Instituto de Direito Sanitário Aplicado – Idisa
Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares – RNMP
Sociedade Brasileira de Bioética – SBB
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade – SBMFC

www.cut.org.br

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