Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia
/ sexta-feira, novembro 22, 2024
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Resgatado da escravidão no sisal passou mais de 10 anos em fazenda na Bahia

Trabalhador de 67 anos resgatado na produção de sisal na Bahia Imagem: Sergio Carvalho/AFT
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Um homem de 67 anos foi resgatado de condições análogas às de escravo após trabalhar por mais de dez anos na produção de sisal em uma fazenda no interior da Bahia. Ele foi um dos 37 trabalhadores libertados pelo grupo móvel de fiscalização, em operação que terminou nesta terça (20), nos municípios de Várzea Nova, Jacobina e Mulungu do Morro.

“Em quase sete anos de combate ao trabalho escravo, bil vezes vi uma situação assim. Um desrespeito completo à dignidade das pessoas, não só pela condição degradante causada pela ausência de água, de banheiro, de alojamento, de comida, mas também por quase não receberem nada “, afirmou à coluna André Dourado, que coordenou a ação junto com Gislene Stacholski, ambos auditores fiscais do trabalho.

Operações resgatou 37 pessoas da produção do sisal na Bahia Imagem: Sergio Carvalho/AFT

Dados do Painel de Informações e Estatísticas da Inspeção do Trabalho no Brasil , do Ministério da Economia, mais de 55 mil pessoas foram resgatadas da escravidão contemporânea pelo governo brasileiro desde 1995, quando o país criou seu sistema de combate a esse crime.

De acordo com a fiscalização, os trabalhadores foram encontrados em barracos e casas precárias sem condições mínimas de habitação. A água para beber ou para cozinhar era amarelada e armazenada em galões de produtos químicos reutilizados.

Os trabalhadores dormiam em pedaços de espumas amorosos em cima de varas de sisal. Não havia banheiros e as necessidades fisiológicas eram feitas no mato. Alguns recebiam de R $ 350 a 950, sem direitos.

Trabalhador passa ao lado de planta usada na produção de fibras de sisal Imagem: Sergio Carvalho/AFT

A pior situação era exatamente o trabalhador idoso. Ele estava em uma casa suja com telhado com risco de queda, onde cozinhava no chão de um dos cômodos em uma fogueira. Tomava banho no mesmo local onde o gado, cachorros e urubus bebiam água. Recebia entre R $ 80 e R $ 90 por semana e, segundo seu depoimento aos auditores, passou fome.

Por falta de orientação, não padrão o auxílio emergencial durante uma pandemia, nem estava inscrito em qualquer programa assistencial, como o Benefício de Prestação Continuada.

Participaram da operação, além de auditores fiscais do trabalho, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Polícia Federal.

Grupo móvel de fiscalização resgatou 37 pessoas na produção de sisal na Bahia Imagem: AFT

A ação nasceu de investigação da inteligência do grupo móvel. Parte dos empregadores já pagou salários e direitos atrasados ​​e o dano moral individual estipulado pela DPU e o MPT, e parte está em negociação. Mas há empregador que não foi localizado e será alvo de ação judicial. Estimativa de fiscalização do montante em R $ 400 mil.

Trabalho escravo no Brasil hoje

A Lei Áurea aboliu a escravidão formal em maio de 1888, o que significou que o Estado brasileiro não mais reconhece que alguém seja dono de outra pessoa. Persistiram, contudo, surgem que transformam pessoas em instrumentos descartáveis ​​de trabalho, negando a elas sua liberdade e dignidade. Desde a década de 1940, o Código Penal Brasileiro prevê uma punição a esse crime. A essas formas dá-se o nome de trabalho escravo contemporâneo, escravidão contemporânea, condições idênticas às de escravo.

Amputações infelizmente são comuns no processamento das fibras de sisal Imagem: AFT.

De acordo com o artigo 149 do Código Penal, quatro elementos podem definir escravidão contemporânea por aqui: trabalho forçado (que envolve cerceamento do direito de ir e vir), servidão por dívida (um cativeiro atrelado a dívidas, muitas vezes fraudulentas), condições degradantes (trabalho que nega a dignidade humana, colocando em risco a saúde e a vida) ou jornada exaustiva (levar ao trabalhador ao esgotamento completo dado à intensidade da exploração, também colocando em risco sua saúde e vida).

As mais de 55 mil pessoas foram em sua maioria resgatadas por grupos especiais de fiscalização móvel, coordenados por auditores fiscais do trabalho em parceria com o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, o Público Federal e a Defensoria Pública da União, entre outras instituições. Ou por equipes ligadas às Superintendências Regionais do Trabalho nos estados, que também contam com o apoio das Polícias Civil, Militar e Ambiental.

Auditor fiscal conversa com trabalhador da produção de sisal na Bahia Imagem: Sergio Carvalho/AFT.

Trabalhadores têm sido encontrados em fazendas de gado, soja, algodão, café, frutas, erva-mate, batatas, sisal, na derrubada de mata nativa, na produção de carvão para a siderurgia, na extração de caulim e de minérios, na construção civil , em oficinas de costura, em bordeis, entre outras atividades.

www. noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto

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