Dados analisam resgates realizados entre 2016 e 2018. Principais vítimas são jovens negros, nordestinos e sem escolaridade
Por: Mariana Lima
Entre 2016 e 2018, quatro em cada cinco trabalhadores resgatados de situações de trabalho análogas à escravidão eram negros, de acordo com levantamento da Repórter Brasil.
Pretos e pardos correspondiam a 82% dos 2,4 mil trabalhadores que receberam seguro-desemprego após resgate. Entre os indivíduos negros resgatados, 91% eram homens, 40% eram jovens de 15 a 29 anos e 46% nasceram no Nordeste.
Os dados utilizados para o levantamento foram obtidos com a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho, através da Lei de Acesso à Informação.
No período abordado pelo levantamento, dos 2.570 trabalhadores resgatados, 2.481 (96%) receberam o auxílio temporário destinado às vítimas de trabalho escravo.
Deste total, 2.043 correspondiam a pretos e pardos, enquanto 343 se autodeclararam brancos. Esses dados são encontrados no cadastro do seguro-desemprego preenchido pelos resgatados.
A escolaridade, no caso a falta dela, é uma característica presente na maioria dos resgatados. 56% dos resgatados não haviam concluído o ensino fundamental, e 14% eram analfabetos.
Em relação aos indivíduos negros, o levantamento aponta que 62% eram trabalhadores rurais, florestais e da pesca; e 29% atuavam na indústria.
Um estudo lançado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a população negra representa 64% dos desempregados e 66% dos trabalhadores subutilizados no país. Além disso, eles ganham menos do que os brancos.
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